quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Idealismo

Falas de amor, e eu ouço tudo e calo!
O amor na Humanidade é uma mentira.
É. E é por isto que na minha lira
De amores fúteis poucas vezes falo.

O amor! Quando virei por fim a amá-lo?!
Quando, se o amor que a Humanidade inspira
É o amor do sibarita e da hetaíra,
Da Messalina e de Sardanapalo?!

Pois é mister que, para o amor sagrado,
O mundo fique imaterializado
- Alavanca desviada do seu fulcro - 

E haja só amizade verdadeira
Duma caveira para outra caveira
Do meu sepulcro para o teu sepulcro?!

Augusto dos Anjos

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Não deveria me importar com nada disso.
Mas me importo.
Importo-me por saber que jamais serei
Quem eu quero ser.
Ou simplesmente bom o suficiente pra você.

E quando eu descobri que não era único, a tristeza me dominou.
E as lágrimas escapavam-me.
Sem controle algum.
Sem valor algum.
Sem coração.

The same

"A distância significa pouco quando a pessoa significa muito."

O problema é saber se ela pensa o mesmo.

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dentro de ti


O algodão da tua blusa roçando meu braço e eu abro cada botão enquanto tua língua quente tenta controlar a minha, inquieta. Desistente, tua boca percorre meu pescoço e a inevitável quebra do meu contato comigo mesmo começa... Um gemido me escapa por entre os lábios ao mesmo tempo que sinto tua respiração doce e ofegante sobre minha pele; meus dedos tremem ao abrir os botões, a curiosidade me toma. O que me espera por debaixo desse tecido? Perco a paciência. 
Arrebento os botões que restam num só puxão e me deparo com uma pele branca, pálida e linda, talvez me fizesse lembrar a lua, mas meus sentidos não estão tão bons a ponto de confirmar tal alusão. Olho nos teus olhos e tento desvendar teus mistérios, tento me colocar dentro de ti como meus dedos se colocam entre seus cabelos, mas você os fecha e volta a me beijar, eu correspondo e te guio contra a parede. Você puxa meu cabelo e sussurra em meu ouvido: “na cama”. Solto um riso malicioso e te viro, colo a mão em sua barriga e te empurro, termino de tirar sua blusa. Você se apoia com os cotovelos e me olha nos olhos como se quisesse ler o que eu estou pensando.

Não estou pensando. Sou puro instinto

A racionalidade se perde quando você me olha assim. Encontro teus lábios e desço. Exploro teu pescoço, você se contorce. Desço para o seus peitos e minha língua se vê perdida quando encontra a barriga. Olho-te novamente, rio e sinto meus olhos brilhando com a euforia de te ter em meus braços, pelo menos uma vez. Beijo-te mais uma vez e continuo a fazer por toda sua pele, sentindo cada tremor teu, cada pêlo eriçando, na língua. Procuro a fivela do teu cinto e abro, num movimento único o botão da sua calça está aberto, enquanto desço o zíper, colo meu rosto ao teu e sussurro em teu ouvido: “Sinta isso... respire isso”. O tesão explode em cada poro teu e depois de ver tua pele completamente nua, entrelaço meus membros aos teus. Você me diz, ofegando: “eu... te... adoro...”. Olho-te no fundo dos olhos e a única coisa que consigo responder é... “Acredite nisso”.

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Sei

O Nando Reis lançou o CD "Sei" ano passado e uma das músicas que mais me encantaram foi a que dá nome ao álbum. A letra é incrível, como é de se esperar dele.

Sabe, quando a gente tem vontade de encontrar
A novidade de uma pessoa
Quando o tempo passa rápido
Quando você está ao lado dessa pessoa
Quando dá vontade de ficar nos braços dela
E nunca mais sair


Sabe, quando a felicidade invade
Quando pensa na imagem da pessoa
Quando lembra que seus lábios encontraram
Outros lábios de uma pessoa
E o beijo esperado ainda está molhado
E guardado ali


Em sua boca
Que se abre e sorri feliz
Quando fala o nome daquela pessoa
Quando quer beijar de novo e muito
Os lábios desejados da sua pessoa
Quando quer que acabe logo a viagem
Que levou ela pra longe daqui


Sabe, quando passa a nuvem brasa
Abre o corpo, sopro do ar que traz essa pessoa
Quando quer ali deitar, se alimentar
E entregar seu corpo pra pessoa
Quando pensa porque não disse a verdade
É que eu queria que ela estivesse aqui


Sei, eu sei 

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Time heals

Às vezes, me pergunto até que ponto a monstruosidade de alguém pode chegar em relação ao outro.
Uma pessoa que se mostra extremamente apaixonante e preocupada não passa de alguém que te usa somente pra ter o "ego massageado". Mas eu não sirvo mais pra isso.
Não é minha culpa você ter uma auto-estima tão baixa a ponto de manipular o outro pra se sentir melhor.
Te cobram perfeição e você faz com que o outro te ache perfeito.
Todavia, o problema não é esse totalmente.
O problema real é usar uma pessoa iludindo-a. E não é só uma pessoa. Não sou só eu. São várias.
Ou é característica de uma psicopatia ou é muita ingenuidade achar que vai conseguir manter todos no escuro por tanto tempo.
Se existe algum aliado do homem, este, senhoras e senhores, é o TEMPO. Viver "à mercê" das contingências de reforçamento (termo técnico do Behaviorismo, perdoem-me) é o que nos faz ser quem somos e é o que define a qualidade de vida que temos ou não.
Talvez a culpa seja minha, no fim das contas. Talvez eu que tenha me deixado iludir, me deixado levar pelo comportamento verbal manipulador de outrem. Talvez eu tenha me deixado sofrer.
O problema nisso tudo é que eu senti. E ainda sinto, talvez. Eu sabia de toda a verdade, mas ainda tinha uma esperança de que alguém não poderia ser tão frio.
Mas é. Talvez seja. Nessa situação. Nessas contingências. E isso é a morte para mim.
Eu sou totalmente verdadeiro. Genuíno. Se eu sinto eu digo. E digo mesmo que esteja cometendo um erro.
Agora o que eu digo é: eu não sei o que estou sentindo. É o misto daquilo que já sentia com a decepção de confirmar uma hipótese ruim. O choro me durou horas. Mas eu tive amigos para me segurar e não me deixar cair.

A música é muito recorrente na minha vida. Existem duas músicas que expressam esse sentimento. Deixarei o trecho de uma delas:

"Sei que você gosta de brincar de amores
Mas ó, comigo não. Comigo não.
Sei também que eu não sei mais nada, nada.
Um dia você vai ouvir de alguém
O que eu ouvi de ti.
E então irá pensar como eu sonhei em vão"
 

Beijos, R.